27 de junho de 2011

Entrevista sobre a polêmica causada pelo livro aprovado pelo MEC "Por uma vida melhor".

Eu entrevistei o professor Batista de Lima, da Universidade Estadual do Ceará. Ele disse que ainda não havia entrado em contato com o livro, e que, por isso, não poderia fornecer informações mais detalhadas sobre o assunto.
Entretanto, disse que viu declarações da Academia Brasileira de Letras e do gramático Evanildo Bechara, se posicionando contra o lançamento e ultilização deste livro. O presidente da ABL inclusive, deu a seguinte declaração: 

"Discordo completamente do entendimento que os professores que fizeram esse trabalho têm. Uma coisa é compreender a evolução da língua, que é um organismo vivo, a outra e validar erros grosseiros. É uma atitude de concessão demagógica. É como ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12, na periferia ou no palácio." - Marcos Vilaça.

O professor deu a entender,  nesta pequenina conversa, que se o principal órgão responsável pela Língua Portuguesa em nosso país, se posicionou contra, o que ainda há para ser discutido?

Essa entrevista foi feita na hora do intervalo do Centro de Humanidades.

Post por Ana Paula


 



Artigo de opinião: O livro "Por uma vida melhor" X Meios de comunicação.

Houveram muitos boatos e debates a respeito do livro adotado pelo MEC, e que ele estaria "ensinando errado" a língua portuguesa, quando, em algumas partes, são citadas erros de concordância. Nos meios de comunicação esse assunto foi supervalorizado e causador de polêmicas por parte de jornalistas e educadores que expressaram diversas opiniões.
Os jornais televisivos, defendem com unhas e dentes a aplicação da linguagem padrão e a ultilização da língua pátria. No jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, o jornalista Alexandre Garcia disparou contra o livro do MEC, fazendo muitas críticas e comparando a educação brasileira com a de países como Coreia do Sul e China, dizendo que neles, há um investimento pesado em educação. Ele só esqueceu de observar que esse rigor, acontece com a parte das ciências extas e não com o ensino da língua materna, o que torna a situação muito mais delicada.
Devido à situações assim é que paramos para pensar em um detalhe: alguém viu alguma entrevista com a autora do livro?  Não? Pois é, onde está a imparcialidade jornalística? Neste caso, é permitido indagar isso.
O fato é que a opinião apressada e o "protecionismo" da cobertura jornalística, faze com que assuntos deste porte e importância, sejam relatados apenas com uma visão dos fatos, àquela que é mais "confortável" para o Governo e para os que defedem o "falar correto" e a língua mãe. E é justo nos meios de comunicação onde existe tamanha falha, pois é neles que a maioria da população busca informação e credibilidade. Mas será que neste caso, podemos ter esta afirmação? Fica aqui o questionamento e uma boa questão para ser refletida.

Post por Ana Paula, Camile e Laryssa.

Fórum de discurssão

Olá pessoal, o nosso fórum (assim como nossas últimas postagens) ocorreu hoje a tarde através de uma conferência telefônica, já que a Camile e a Laryssa estão em Belo Horizonte participando de um congresso para  os estudantes de Letras, o EREL/SUDESTE.


Laryssa pergunta: Como foi para vocês fazer este trabalho?

Ana Paula: Fazer este trabalho, para mim, foi um desafio, pois além  de termos que nos preocupar com os assuntos das postagens, tínhamos que administrar o nosso tempo com as nossas outras atividades acadêmicas. Mas tudo foi muito proveitoso porque a medida que íamos postando, aumentávamos a nossa bagagem de conhecimento. No fim, já estávamos íntimamente envolvidas.

Camile: É verdade. Concordo com o que a Ana Paula falou. Foi complicado admisnistrar o tempo, mas é bem gratificante ver o nosso blog cheio de conteúdos que contribuem não só para nós, mas também para nossos colegas de classe, de curso e para aqueles que, apesar de não pertecerem à área das ciências humanas, nem de letras, tem interesse pelo assunto.

Laryssa: Contribuiu bastante mesmo. Exploramos tantos temas... Aquela polêmica do livro do MEC, hein? Meu Deus! Quantas versões para um fato só! (rsrsrsrsrs)

Ana Paula: Né? (rsrsrsrs) Acho que a polêmica maior foi causada pela mídia e imprensa, em geral. Eles exploraram os fatos com uma visão rotulativa, sem a mínima imparcialidade ( que deve ser o primeiro mandamento de qualquer jornalista!), querendo que todos engulissem o que eles estavam "empurrando".

Camile: Arram. Todo mundo vê os jornalistas e apresentadores falando e criticando o livro,mas ninguém vê um jornal sequer entrevistando a autora, dando oportunidade para que ela se explicasse e mostrasse as razões que a levaram a publicar seu livro daquela forma. Olhem o que foi dito no Bom Dia Brasil, da Rede Globo:





Laryssa: É...sensacionalismo dá mais audiência. Fora que os jornalistas e profissionais da área educacional ou da língua portuguesa que se expressaram por meio da mídia televisiva , na sua maioria, são marionetes; precisam falar aquilo, mesmo pensando diferente.

Ana Paula: Esse é o nosso Brasil...mas vamos para um assunto mais agradável: música.

Camile: Oba, esse é ótimo!

Laryssa: Com certeza! (rsrsrs)

Ana Paula: Pois é, no nosso blog colocamos algumas músicas e podemos perceber como nossa língua é vasta e abrangente.

Camile: Podemos perceber falares cultos ou mais populares, provérbios, gírias, e assim, até conseguir identificar a região a qual o falante/cantante (rsrsrsrs) pode pertencer.

Laryssa: Independentemente do estilo musical (até porque não é isso que levamos em consideração - ao menos não neste momento. rsrsrs), vemos a grandiosidade da nossa língua e podemos fazer comparações para que possíveis dúvidas sejam esclarecidas.

Ana Paula: Espero que os visitantes tenham gostado do blog. Foi um prazer escrever para eles.


Camile e Laryssa: Nós também esperamos.

Laryssa: Era engraçado quando eu sugeria à meus amigos, que visitassem o blog (principalmente àqueles que não fazem faculdade na área de humanas), nenhum tinha ouvido falar em sociolinguística,mas todos acharam bem interessante os propósitos estudados pelos pesquisadores desta área e as temáticas abordadas aqui.

Camile: Meus amigos também falaram isso. E também amaram o nome do blog. (MUITOS RISOS)

Ana Paula: Foi muito criativo, modéstia parte! (rsrsrsrsrs) E no layout (decoração) meus amigos perguntavam o trocadilho com a palavra linguiça. Pacientemente, eu expliquei que é uma metáfora. A linguiça simboliza o nosso conhecimento, ou seja, é uma mulher (porque o blog é feito por três pessoas do sexo feminino) "devorando" conhecimento ou com fome de conhecimento. Fica a la carte. rsrsrsrs


Camile: E em relação ao ensino, o que vocês irão levar?

Laryssa: Ah, muita coisa! É de fundamental importância sabermos as diversas formas em que nossa língua pode ser apresentada.

Ana Paula: Mais importante que isso, é saber que não existe um "falar certo" e um "falar errado", que cada pessoa fala do seu jeito porque vários fatores diferentes contribuíram para isso.

Camile: Exato. O meio em que ela está inserida, classe social, grau de escolaridade, tudo isso acaba influenciando quem fala.

Ana Paula: Antes de eue entrar para o curso de Letras, eu tinha uma mania de corrigir tudo e todos (baseando- me na norma padrão a qual eu tinha conhecimento), "julgava" sem nem me importar com as circunstâncias que levaram aquele falante a se expressar daquela maneira. Hoje, graças ao curso e, principalmente, aos estudos sociolinguísticos, aprendi a respeitar todas as formas de comunicação.

Laryssa: É isso aí. Tem que respeitar. Lógico que não vamos nos acomodar, temos sempre que procurar ler muito e estudar para ampliar mais nosso conteúdo e nossa visão em relação a isso.

Camile: É, acho que absorvemos muitas coisas boas deste trabalho. Espero que os nossos colegas também tenham tido experiências positivas e que a professora goste.

Ana Paula: Espero que ela goste e que todos levem positividades daqui. 


Laryssa: Isso, isso, isso. Sentirei falta de postar.


Ana Paula e Camile: Nós também.


Post por Ana Paula, Camile e Laryssa.

Música - Utilização de gírias, provérbios,dizeres populares e diferentes falares.

Piano Bar Engenheiros do Hawaii
O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde, eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor.

O que você não pode, eu não vou te pedir.
O que você não quer, eu não quero insistir.
Diga a verdade, doa a quem doer.
Doe sangue e me dê seu telefone.

Todos os dias eu venho ao mesmo lugar,
Às vezes fica longe, impossível de encontrar
Mas, quando o Bourbon é bom
Toda noite é noite de luar.

No táxi que me trouxe até aqui Willie Nelson me dava razão,
As últimas do esporte, hora certa, crime e religião.
Na verdade 'nada' é uma palavra esperando tradução.

Toda vez que falta luz,
Toda vez que algo nos falta
O invisível nos salta aos olhos,
Um salto no escuro da piscina.

O fogo ilumina muito por muito pouco tempo
Em muito pouco tempo, o fogo apaga tudo.
Tudo um dia vira luz.
Toda vez que falta luz
O invisível nos salta aos olhos.

Ontem à noite, eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia.
Era o princípio num precipício.
Era o meu corpo que caía.

Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, mas nada aquecia.
Ela apareceu, parecia tão sozinha.
Parecia que era minha aquela solidão.

Eu conheci uma guria que eu já conhecia
de outros carnavais com outras fantasias
Ela apareceu, parecia tão sozinha.
Parecia que era minha aquela solidão.

http://www.vagalume.com.br/engenheiros-do-hawaii/piano-bar.html#ixzz1QVFQrAgS


Voa Voa Chiclete com Banana
Paaa, eô
Pararararará, eô
Pararararará, eô
Pararararará

Amor, que saudade de você
Vem me ensina a perceber
Os segredos desse amor

Pequena, quero tanto te dizer
Que eu não vivo sem você um segundo
É você quem faz virar meu mundo

Bota fogo na minha vida
Pra aquecer meu coração
Já não temos mais saída
Não me diga não

Pra ficar tudo perfeito
Vem viver essa paixão
Uma andorinha só
Não faz verão


Voa voa
Vem direto pros meus braços
Quero ter os seus amassos
Vem voando pra me ver

Voa voa
Vem voando pro seu ninho
Pois ninguém vive sozinho
Eu não vivo sem você

Paaa...

Amor, que saudade de você
Vem me ensina a perceber
Os segredos desse amor

Pequena, quero tanto te dizer
Que eu não vivo sem você um segundo
É você quem faz virar meu mundo

Bota fogo na minha vida
Pra aquecer meu coração
Já não temos mais saída
Não me diga não

Pra ficar tudo perfeito
Vem viver essa paixão
Uma andorinha só
Não faz verão


Voa voa
Vem direto pros meus braços
Quero ter os seus amassos
Vem voando pra me ver

Voa voa
Vem voando pro seu ninho
Pois ninguém vive sozinho
Eu não vivo sem você



Samba do Arnesto Adoniran Barbosa
O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
Nós não semos tatu!

No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta

Um recado assim ói: " turma, num deu pra esperá
Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque não sei escrever"


Arnesto




Zóio de Lula Charlie Brown Jr
Tirou a roupa entrou no mar, pensei Meu Deus que bom que fosse
Tu me apresenta essa mulher meu irmão te dava até um doce,
Sem roupa ela é demais
Também por isso eu creio em Deus, meu bom meu Deus, meu bom me traz.
Ainda bem que eu trouxe até o meu guarda sol
Tenho toda tarde
Tenho a vida inteira
Já se foi aquele tempo da ladeira irmão
Já se foi aquele tempo da ladeira irmão
Meu escritório é na praia, eu sempre na área
Mas eu não sou da tua laia não
Meu escritório é na praia, eu sempre na área
mas eu não sou daquela laia não
Então...
Deixe viver, deixe ficar, deixe estar como está...
deixe viver, deixe ficar, deixe está como está!
Deixe viver, deixe ficar, deixe estar como está...
deixe viver, deixe ficar, deixe está como está!
Meu Deus me de um motivo pois eu pago tanto mico
Ela me ignora e na esperança eu ainda fico
eu to fritando aqui vou me entregar não aguento mais
Mais se eu não falar hoje, talvez nunca a veja mais...
O dia passa horas se estendem
Pessoas ao redor nunca me entendem
O dia passa horas se estendem
As pessoas ao redor nunca me entendem...
Então..
Deixe viver, deixe ficar....


Asa Branca Luiz Gonzaga
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Quando o verde dos teus óio
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chores não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para eu voltar pro meu sertão

Quando o verde dos seus olhos
Se espalha na plantação
Eu te asseguro
Não Chores não, viu?
Que eu voltarei, viu meu coração.


Podemos observar nessas letras e nas músicas postadas até então, as diferentes maneiras de como a língua se apresenta: com gírias, provérbios, etc, diferenças que podem ser notadas se houver uma comparação entre sotaques, regiões distintas e contextos em que os falantes/ouvintes estão inseridos.

Post por Ana Paula, Camile e Laryssa.

Música

24 de junho de 2011

Resumo do capítulo 1 do livro Linguagem e ensino de João Wanderley Geraldi

O fenômeno social da interação verbal é o espaço próprio da realidade da língua, isto em uma concepção sociointeracionista da linguagem. De acordo com Bachtin (1977): cada palavra emitida é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém.
No ensino e no estudo de uma língua não se pode deixar de considerar as diferentes instâncias sociais. A língua como produto da história, é marcada pelo uso e pelo espaço social deste uso. Assim, a língua nunca pode ser estudad como um produto fechado em si mesmo, porque o externo se internaliza, participando da construção deste mesmo produto.

* LINGUAGEM E PODER

Entre a força do dizer e a do fazer diferentes opções na história informaram à ação pedagógica no que diz respeito ao ensino/ aprendizagem da língua.
Na ideologia sustentada por Comenius (1627: XXIX - 4), tanto as escolas de línguas nacionais quanto as de latim, deveriam ser universais. Acreditando na escola e na sua universalidade permitiriam a visionários como Comenius esquecer o poder de persuasão do discurso, já que todos seriam instruídos, numa sociedade de escolarizados, seríamos "iguais" no uso da língua nacional.


*O ENSINO ISNTRUMENTAL DA LÍNGUA


A ideologia que sustenta a visão instrumentalista do ensino de língua, acaba por separar a forma de conteúdo, como se houvessem dois momentos: um primeiro em que se aprende a linguagem no sentido formal e um segundo em que se aprende o conteúdo transmitido por essa linguagem.
Todo conhecimento científico se desdobra num universo de linguagem; aceitando provisoriamente a língua usual ou criando uma para o seu uso, a Ciência requer necessariamente, como condição transcedental, um sistema de linguagem. (Granger,19680)


*A DIFERENTES INSTÂNCIAS DE APRENDIZAGEM


Do ponto de vista sociointeracionista da linguagem, a variedade linguística que a criança domina, em sua modalidade oral, foi aprendida nos processos interlocutivos de que participou.
Não se trata de trazer para o interior da educação formal o informal, tomando a interação dentro da sala de aula apenas com "recursos didáticos" de divisões de mundo, de conhecimentos ingênuos, etc. que ao longo do processo de escolaridade, iriam sendo substituídos por saberes organizados e sistemáticos.


*INSTÂNCIAS


As instâncias correspondem a diferentes espaços sociais dentro dos quais se dá o trabalho linguístico. Correspondem, pois, a diferentes contextos sociais das interações , o trabalho linguístico que neles ocorrem caracteriza-se diferenciadamente. São duas, as instâncias:


- PÚBLICA: atende a objetivos imediatos (satisfação de necessidades e compreensão de mundo).


- PRIVADA: interações face a face, o que implica a presença de interlocutores conhecidos.


A mais importante das aprendizagens é a compreensão dessas diferentes instâncias e junto a elas a compreensão da produção histórica de diferentes sistemas de referências.
É este movimento entre uma instância e  outra, e sua articulação necessária na compreensão, que uma concepção sociointeraionista da linguagem pretende recuperar dando aos processos interlocutivos das sala de aula lugar preponderante no processo de ensino/ aprendizagem da liguagem.




Post por Ana Paula, Camile e Laryssa. 

17 de junho de 2011

Sociolinguística e música.


Percebam a diferença entre a norma padrão e as palavras que são ultilizadas na letra da canção acima.


De tanto levar frechada do teu oiá
Meu peito até parece sabe o quê
Tauba de tiro ao álvaro
Não tem mais onde furar


De tanto levar frechada do teu oiá
Meu peito até parece sabe o quê
Tauba de tiro ao álvaro
Não tem mais onde furar


Teu olhar mata mais que
Bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixera de baiano


Teu olhar mata mais que
Atropelamento de automóvel
mata mais
que bala de revólve

 
Fonte:


Postagem por: Ana Paula, Camile e Laryssa.

8 de junho de 2011

NADA NA LÍNGUA É POR ACASO: ciência e senso comum na educação em língua materna.

(Artigo de Marcos Bagno publicado na revista Presença Pedagógica em setembro de 2006)


Quando o assunto é língua, existem na sociedade duas ordens de discurso que se contrapõem: (1) o discurso científico, embasado nas teorias da Linguística moderna, que trabalha com as noções de variação e mudança; e (2) o discurso do senso comum, impregnado de concepções arcaicas sobre a linguagem e de preconceitos sociais fortemente arraigados, que opera com a noção de erro.
Para as ciências da linguagem, não existe erro na língua. Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação linguística cumpre essa função plenamente. A noção de "erro" se prende a fenômenos sociais e culturais, que não estão incluídos no campo de interesse da Linguística propriamente dita, isto é, da ciência que estuda a língua "em si mesma", em seus aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. Para analisar as origens e as conseqüências da noção de "erro" na história das línguas será preciso recorrer a uma outra ciência, necessariamente interdisciplinar, a Sociolinguística, entendida aqui em sentido muito amplo, como o estudo das relações sociais intermediadas pela linguagem.

A noção de "erro" em língua nasce, no mundo ocidental, junto com as primeiras descrições sistemáticas de uma língua (a grega), empreendidas no mundo de cultura helenística, particularmente na cidade de Alexandria (Egito), que era o mais importante centro de cultura grega no século III a.C.
Como a língua grega tinha se tornado o idioma oficial do grande império formado pelas conquistas de Alexandre (356-323 a.C.), surgiu a necessidade de normatizar essa língua, ou seja, de criar um padrão uniforme e homogêneo que se erguesse acima das diferenças regionais e sociais para se transformar num instrumento de unificação política e cultural.

Data desse período o surgimento daquilo que hoje se chama, nos estudos lingüísticos, de Gramática Tradicional - um conjunto de noções acerca da língua e da linguagem que representou o início dos estudos lingüísticos no Ocidente. Sendo uma abordagem não-científica, nos termos modernos de ciência, a Gramática Tradicional combinava intuições filosóficas e preconceitos sociais. 

As intuições filosóficas que sustentam a Gramática Tradicional estão presentes até hoje na nomenclatura gramatical e nas definições que aparecem ali. Por exemplo, a noção de sujeito que encontramos em importantes compêndios normativos se expressa como "o sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração", ou coisa equivalente. Como é fácil perceber, não se trata de uma definição linguística - nada se diz aí a respeito das funções do sujeito na sintaxe nem das características morfológicas do sujeito -, mas sim de uma definição metafísica, em que o próprio uso da palavra "ser" denuncia uma análise de cunho filosófico. Com isso, o emprego desta noção para um estudo propriamente lingüístico fica comprometido. Para comprovar isso, vamos examinar o seguinte enunciado:
(1) Nesta sala cabem duzentas pessoas.
Se tivermos de considerar a definição tradicional, seremos obrigados a classificar como sujeito o elemento "sala" do enunciado acima, já que é sobre a sala que se está "dizendo alguma coisa", se está "declarando algo". Ora, todos sabemos que no enunciado (1) o sujeito é "duzentas pessoas", porque, numa definição propriamente linguística, o sujeito é o termo sobre o qual recai a predicação da oração e com o qual o verbo concorda.

Dificuldades semelhantes de lidar com as definições tradicionais aparecem quase a cada passo quando as estudamos com cuidado. Isso porque, repito, a Gramática Tradicional, ao se formar no século III a.C. como uma disciplina com pretensões ao estudo da língua, não produziu um corpo teórico propriamente lingüístico, mas se valeu de um importante aparato de especulações filosóficas que vinha se gestando na cultura grega desde o século V a.C., graças ao trabalho dos sofistas, de Platão, de Aristóteles, dos estóicos e de outros grandes pensadores, para os quais o estudo da linguagem humana (logos) era só uma etapa inicial para a compreensão de fenômenos de outra natureza, como o funcionamento da mente humana (psique) e sua correspondência com o funcionamento-organização do próprio universo (cosmo). Por tudo isso, a Gramática Tradicional merece ser estudada, como um importante patrimônio cultural do Ocidente, mas não para ser aplicada cegamente como única teoria linguística válida nem, muito menos, como instrumental adequado para o ensino.

Além de ser anacrônica como teoria linguística, a Gramática Tradicional também se constituiu com base em preconceitos sociais que revelam o tipo de sociedade em que ela surgiu - preconceitos que vêm sendo sistematicamente denunciados e combatidos desde o início da era moderna e mais enfaticamente nos últimos cem anos. Como produto intelectual de uma sociedade aristocrática, escravagista, oligárquica, fortemente hierarquizada, a Gramática Tradicional adotou como modelo de língua "exemplar" o uso característico de um grupo restrito de falantes:

" do sexo masculino;
" livres (não-escravos);
" membros da elite cultural (letrados);
" cidadãos (eleitores e elegíveis);
" membros da aristocracia política;
" detentores da riqueza econômica.
Os formuladores da Gramática Tradicional foram os primeiros a perceber as duas grandes características das línguas humanas: a variação (no tempo presente) e a mudança (com o passar do tempo). No entanto, a percepção que eles tiveram da variação e da mudança linguísticas foi essencialmente negativa.

Por causa de seus preconceitos sociais, os primeiros gramáticos consideravam que somente os cidadãos do sexo masculino, membros da elite urbana, letrada e aristocrática falavam bem a língua. Com isso, todas as demais variedades regionais e sociais foram consideradas feias, corrompidas, defeituosas, pobres etc.

Ainda na questão da variação, os primeiros gramáticos, comparando a língua escrita dos grandes escritores do passado e a língua falada espontânea, concluíram que a língua falada era caótica, sem regras, ilógica, e que somente a língua escrita literária merecia ser estudada, analisada e servir de base para o modelo do "bom uso" do idioma. Essa separação rígida entre fala e escrita é rejeitada pelos estudos lingüísticos contemporâneos, mas continua viva na mentalidade da grande maioria das pessoas.

Comparando também a língua falada de seus contemporâneos e a língua escrita das grandes obras literárias do passado, eles concluíram que, com o tempo, a língua tinha se degenerado, se corrompido e que era preciso preservá-la da ruína e da deterioração. Tinham, portanto, uma visão pessimista da mudança, resultante do equívoco metodológico - que só veio a ser detectado e abandonado muito recentemente - de comparar duas modalidades muito distintas de uso da língua (a escrita literária e a fala espontânea), desconsiderando a existência de um amplo espectro contínuo de gêneros discursivos entre esses dois extremos.

Com isso, os elaboradores das primeiras obras gramaticais do mundo ocidental definiram os rumos dos estudos lingüísticos que iam perdurar por mais de 2.000 anos:
" desprezo pela língua falada e supervalorização da língua escrita literária;
" estigmatização das variedades não-urbanas, não-letradas, usadas por falantes excluídos das camadas sociais de prestígio (exclusão que atingia todas as mulheres);
" criação de um modelo idealizado de língua, distante da fala real contemporânea, baseado em opções já obsoletas (extraídas da literatura do passado) e transmitido apenas a um grupo restrito de falantes, os que tinham acesso à escolarização formal.
Com isso, passa a ser visto como erro todo e qualquer uso que escape desse modelo idealizado, toda e qualquer opção que esteja distante da linguagem literária consagrada; toda pronúncia, todo vocabulário e toda sintaxe que revelem a origem social desprestigiada do falante; tudo o que não conste dos usos das classes sociais letradas urbanas com acesso à escolarização formal e à cultura legitimada. Assim, fica excluída do "bem falar" a imensa maioria das pessoas - um tipo de exclusão que se perpetua em boa medida até a atualidade.

Os preceitos e preconceitos da Gramática Tradicional só começaram a ser questionados a partir do século XIX, com o surgimento das primeiras investigações linguísticas de caráter propriamente científico. Embora contestada pela ciência moderna, aquela visão arcaica e preconceituosa de língua e de linguagem penetrou no senso comum ocidental e ali permanece firme e forte até hoje.

O processo de normatização, ou padronização, retira a língua de sua realidade social, complexa e dinâmica, para transformá-la num objeto externo aos falantes, numa entidade com "vida própria", (supostamente) independente dos seres humanos que a falam, escrevem, lêem e interagem por meio dela.
Isso torna possível falar de "atentado contra o idioma", de "pecado contra a língua", de "atropelar a gramática" ou "tropeçar" no uso do vernáculo. Todo esse discurso dá a entender (enganosamente) que a língua está fora de nós, é um objeto externo, alguma coisa que não nos pertence e que, para piorar, é de difícil acesso.

A criação de um padrão de língua muito distante da realidade dos usos atuais fez surgir, em todas as sociedades ocidentais, uma milenar "tradição da queixa". Em todos os países, em todos os períodos históricos, sempre aparecem as manifestações daqueles que lamentam e deploram a "ruína" da língua, a "corrupção" do idioma etc. Acerca da suposta decadência da língua portuguesa, sirvam de exemplos as seguintes declarações apocalípticas, que se desdobram ao longo de quase trezentos anos:

" "Se não existissem livros compostos por frades, em que o tesouro está conservado, dentro em pouco podíamos dizer: ora morreu a língua portuguesa, e não descansa em paz" (José Agostinho de Macedo [1761-1831], escritor português).
" "Temos a prosa histérica, abastardada, exangue e desfalecida de uma raça moribunda. A nossa pobre geração de anémicos dá à história das letras um ciclo de tatibitates" (Ramalho Ortigão [1836-1915], escritor e político português). 
" "[...] português - um idioma que de tão maltratado no dia-a-dia dos brasileiros precisa ser divulgado e explicado para os milhões que o têm como língua materna" (Mario Sabino, Veja, 10/9/1997). 
" "Não fique nenhuma dúvida, o português do Brasil caminha para a degradação total" (Marcos de Castro, A imprensa e o caos na ortografia, Ed. Record, 1998, p. 10-11). 
" "Que língua falamos? A resposta veio das terras lusitanas. Falamos o caipirês. Sem nenhum compromisso com a gramática portuguesa. Vale tudo [...]" (Dad Squarisi, Correio Braziliense, 22/7/1996).
" "Nunca se escreveu e falou tão mal o idioma de Ruy Barbosa" (Arnaldo Niskier, Folha de S. Paulo, 15/1/1998). 
" "[...] o usuário brasileiro da língua [...] comete erros, impropriedades, idiotismos, solecismos, barbarismos e, principalmente, barbaridades" (Luís Antônio Giron, revista Cult, no 58, junho de 2002, p. 37).
Em contraposição à noção de "erro", e à "tradição da queixa" derivada dela, a ciência linguística oferece os conceitos de variação e mudança. Enquanto a Gramática Tradicional tenta definir a "língua" como uma entidade abstrata e homogênea, a Linguística concebe a língua como uma realidade intrinsecamente heterogênea, variável, mutante, em estreito vínculo com a realidade social e com os usos que dela fazem os seus falantes. Uma sociedade extremamente dinâmica e multifacetada só pode apresentar uma língua igualmente dinâmica e multifacetada.

Ao contrário da Gramática Tradicional, que afirma que existe apenas uma forma certa de dizer as coisas, a Linguística demonstra que todas as formas de expressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e têm uma lógica linguística perfeitamente demonstrável. Ou seja: nada na língua é por acaso.

Por exemplo: para os falantes urbanos escolarizados, pronúncias como broco, ingrês, chicrete, pranta etc. são feias, erradas e toscas. Essa avaliação se prende essencialmente ao fato dessas pronúncias caracterizarem falantes socialmente desprestigiados (analfabetos, pobres, moradores da zona rural etc.). No entanto, a transformação do L em R nos encontros consonantais ocorreu amplamente na história da língua portuguesa. Muitas palavras que hoje têm um R apresentavam um L na origem:
LATIM PORTG.
blandu- brando
clavu- cravo
duplu- dobro
flaccu- fraco
fluxu- frouxo
obligare obrigar
placere- prazer
plicare pregar
plumbu- prumo

Assim, o suposto "erro" é na verdade perfeitamente explicável: trata-se do prosseguimento de uma tendência muito antiga no português (e em outras línguas) que os falantes rurais ou não-escolarizados levam adiante. Esse fenômeno tem até um nome técnico na linguística histórica: rotacismo. 
Esse é só um mínimo exemplo de que tudo o que é chamado de "erro" tem uma explicação científica, tem uma razão de ser, que pode ser de ordem fonética, semântica, sintática, pragmática, discursiva, cognitiva etc. Falar em "erro" na língua, dentro do ambiente pedagógico, é negar o valor das teorias científicas e da busca de explicações racionais para os fenômenos que nos cercam.

O exemplo apresentado acima (mudança de L para R em encontros consonantais) não deve levar ninguém a supor que esses fenômenos variáveis e mutantes só ocorrem na língua dos falantes rurais, sem escolarização, pobres etc. Eles também ocorrem na língua dos falantes "cultos", urbanos, letrados etc., muito embora esses mesmos falantes acreditem ser os legítimos representantes da língua "certa".

Alugam-se salas ou aluga-se salas? Apesar da gramática normativa exigir o verbo no plural, a grande maioria dos brasileiros mantém o verbo no singular. E não é por ignorância nem por preguiça nem por qualquer outra explicação preconceituosa desse tipo. A análise sintática tradicional é que é ilógica, ao atribuir o papel de sujeito a "salas", como se "salas" pudessem alugar alguma coisa, um verbo que só pode ser desempenhado por seres humanos. O falante, intuitivamente, analisa "salas" como objeto direto e o pronome "se" como o verdadeiro sujeito da oração, semanticamente indeterminado - e como não existe concordância de verbo com objeto, fica o verbo no singular. Essa mudança já está presente até mesmo na língua escrita mais monitorada:
(2) "Por falta de trigo, durante séculos comeu-se aqui, como substitutivo do pão, bolos e bolachas feitos à base de mandioca, milho e outros produtos da terra". (Nossa História, ano 2, n.15, p. 89, janeiro de 2005).
(3) "Procura-se intérpretes de klingon, o dialeto criado para o seriado Jornada nas Estrelas. O anúncio foi feito por um manicômio em Oregon, EUA. Alguns de seus pacientes só se comunicam usando a linguagem estrelar." (IstoÉ, 21/5/2003, n. 1755, p. 20).
(4) "Mas a efeméride dos 95 anos [de Noel Rosa] parece que, de fato, passará em silêncio. Espera-se as maiores homenagens para o seu centenário, em 2010 [...]" (Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 6, dez. 2005, p. 11).
Diante de tudo o que se argumentou até agora, como devemos tratar os fenômenos de variação e mudança na educação em língua materna?
Existem três respostas possíveis:
(a) desconsiderar as contribuições da ciência linguística e levar adiante a noção de "erro", insistindo no ensino da gramática normativa e da norma-padrão tradicional como única forma "certa" de uso da língua;
(b) aceitar as contribuições da ciência linguística e desprezar totalmente a antiga noção de "erro", substituindo-a pelos conceitos de variação e mudança;
(c) reconhecer que a escola é o lugar de interseção inevitável entre o saber erudito-científico e o senso comum, e que isso deve ser empregado em favor do aluno e da formação de sua cidadania.
A opção (a), embora apareça quase diariamente na mídia, defendida pelos atuais "defensores" da língua que se apoderaram dos meios de comunicação, tem de ser veementemente rejeitada por causa de seu caráter obscurantista, autoritário e, muitas vezes, irracional.

A opção (b), apesar de sua aparência de postura inovadora e progressista, na verdade despreza uma análise da dinâmica social e da complexidade das relações entre as pessoas por meio da linguagem.
Acreditamos que a opção (c) é aquela que melhor nos orienta para um tratamento sereno e equilibrado do intrincado relacionamento entre linguagem-sociedade-ensino. Esta opção nos ajuda a compreender a "dupla face" do que se chama, no senso comum, de "erro de português":
Qualquer análise que desconsidere um desses pontos de vista - o científico e o do senso-comum - será, fatalmente, incompleta e não permitirá uma reflexão que permita analisar a realidade lingüístico-social nem a elaboração de políticas que auxiliem na constituição de um ensino verdadeiramente democrático e formador de cidadãos.

A escola não pode desconsiderar um fato incontornável: os comportamentos sociais não são ditados pelo conhecimento científico, mas por outra ordem de saberes (representações, ideologias, preconceitos, mitos, superstições, crenças tradicionais, folclore etc.). Essa outra ordem de saberes pode sofrer influência dos avanços científicos, mas quase sempre essa influência se faz de forma parcial, redutora e distorcida. Querer fazer ciência a todo custo sem levar em conta a dinâmica social, com suas demandas e seus conflitos, é uma luta fadada ao fracasso.

A Sociolinguística nos ensina que onde tem variação (linguística) sempre tem avaliação (social). Nossa sociedade é profundamente hierarquizada e, conseqüentemente, todos os valores culturais e simbólicos que nela circulam também estão dispostos em categorias hierárquicas que vão do "bom" ao "ruim", do "certo" ao "errado", do "feio" ao "bonito" etc. E entre esses valores culturais e simbólicos está a língua, certamente o mais importante deles. Por mais que os lingüistas rejeitem a norma-padrão tradicional, por não corresponder às realidades de uso da língua, eles não podem desprezar o fato de que, como bem simbólico, existe uma demanda social por essa "língua certa", identificada como um instrumento que permite acesso ao círculo dos poderosos, dos que gozam de prestígio na sociedade. [box: Haugen]
Uma das tarefas do ensino de língua na escola seria, portanto, discutir criticamente os valores sociais atribuídos a cada variante linguística, chamando a atenção para a carga de discriminação que pesa sobre determinados usos da língua, de modo a conscientizar o aluno de que sua produção linguística, oral ou escrita, estará sempre sujeita a uma avaliação social, positiva ou negativa. 

Podemos, por exemplo, ao encontrar formas não-padrão na produção oral e escrita de nossos alunos, oferecer a eles a opção de "traduzir" seus enunciados para a forma que goza de prestígio, para que eles se conscientizem da existência dessas regras. A consciência gera responsabilidade. E é ao usuário da língua, ao falante/escrevente bom conhecedor das opções oferecidas pelo idioma, que caberá fazer a escolha dele, eleger as opções dele, mesmo que elas sejam menos aceitáveis por parte de membros de outras camadas sociais diferentes da dele. O que não podemos é negar a ele o conhecimento de todas as opções possíveis. 

Para realizar essa tarefa, o docente precisa se apoderar do instrumental que a ciência linguística, e mais especificamente a Sociolinguística, oferece para a análise criteriosa dos fenômenos de variação e mudança linguística.

O profissional da educação tem que saber reconhecer os fenômenos lingüísticos que ocorrem em sala de aula, reconhecer o perfil sociolingüístico de seus alunos para, junto com eles, empreender uma educação em língua materna que leve em conta o grande saber lingüístico prévio dos aprendizes e que possibilite a ampliação incessante do seu repertório verbal e de sua competência comunicativa, na construção de relações sociais permeadas pela linguagem cada vez mais democráticas e não-discriminadoras.

O social e o pedagógico na Sociolinguística



 (SOUSA, Alexandre Melo)



RESUMO:
Este estudo, cujo objetivo precípuo é propor caminhos para a efetiva aplicação da Sociolinguística no campo pedagógico-educativo, apresenta reflexões sobre a proposta da Sociolinguística com respeito ao desfazimento do mito estruturalista da homogeneidade lingüística, e sobre a noção de relativismo cultural. Constata-se, a partir das discussões apresentadas, que a descrição da variação na Sociolinguística Educacional não deve ser dissociada da análise interpretativo-etnográfica do uso da variação em sala de aula, e deve haver conscientização crítica dos professores e alunos quanto à variação e à desigualdade social que ela reflete.

PALAVRAS-CHAVE:
Sociolinguística, heterogeneidade lingüística, variação lingüística, ensino.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Parece consenso entre os que se dedicam, contemporaneamente, aos estudos da linguagem que uma abordagem sob o enfoque unicamente normativo conduz a conclusões equivocadas, o que, conseqüentemente, favorece a geração de falsos conceitos e tratamentos inadequados dos fenômenos lingüísticos, especialmente no ambiente escolar. Para exemplificar, pode-se fazer menção a dois aspectos: o primeiro diz respeito à primazia dada à escrita em detrimento da fala, como escopo primeiro das abordagens lingüísticas; e o segundo é a irrelevância aos fatores extralingüísticos nas referidas abordagens.
Guardadas as diferenças concernentes ao enfoque, todo lingüista parte do princípio de que todas as línguas naturais são heterogêneas e passíveis de variações. Estas últimas, segundo Camacho (2001, p. 60), motivadas por fatores geográficos, sócio-econômico-culturais ou estilísticos. “O estudo de uma unidade com as características da variável lingüística só é possível no interior de um arcabouço teórico que abandone o postulado ainda vigente de categoricidade, o que de pronto se deu com a Sociolinguística laboviana” (Camacho, 2001, p. 61).
Nosso objetivo é fornecer bases para uma concepção aplicada da Sociolinguística no domínio pedagógico-educativo. A escolha deste tema não foi fortuita. Desejamos mostrar que o papel da referida ciência não se limita apenas à análise quantitativa e qualitativa de dados de línguas funcionais. Intentamos, aqui, demonstrar que a Sociolinguística fornece subsídios, ainda que muitas vezes indiretos, para o ensino da língua.
Em primeiro lugar, vamos mostrar, apoiados no artigo de Bortoni-Ricardo (1996), que a Sociolinguística propõe um avanço com base no desfazimento do mito estruturalista da homogeneidade lingüística. Mito que se difundiu graças à generalização do trabalho pioneiro de Ferdinand de Saussure (1977), mormente em virtude da oposição entre língua e fala, sendo aquela mal compreendida nos meios acadêmicos, uma vez que a noção em Saussure é polissêmica, sendo a noção de estrutura e de sistema apenas um dos suportes.
A Sociolinguística também trouxe à baila a noção de relativismo cultural, sobre o qual debateremos ao longo deste trabalho. Não só heterogeneíza a estrutura, mostrando microestruturas, como também põe em evidência que as variedades possuem uma organização inerente.
Um terceiro e último passo em nossa pesquisa, decorrente dos dois anteriores, é mostrar que o contexto de uso da língua passou a ser posto em voga. O conceito de comunidade de fala ou comunidade lingüística integrou o objeto de estudos, voltado para as variedades regionais, sociais e funcionais, quanto ao sistema de normas culturais que orienta a comunicação em grupo.
Comecemos, pois, com a abordagem estruturalista e com o posterior enriquecimento que a Sociolinguística trouxe para a abordagem da língua, principalmente no plano pedagógico. O texto de Bortoni-Ricardo (1996) nos servirá como ponto de partida para irmos a outros textos e fazermos, nós próprios, os comentários críticos devidos.

1 O social e o pedagógico no Estruturalismo
Como dissemos anteriormente, a Sociolinguística contribuiu para a compreensão da heterogeneidade lingüística e do fenômeno da mudança, este último aspecto, principalmente, devido ao trabalho de Labov (1972). Mas vamos ficar, aqui, na desmistificação da heterogeneidade.
É sabido e amplamente divulgado que Ferdinand de Saussure preconizou a língua enquanto sistema onde as partes mantém relações solidárias. Em outras palavras, segundo afirmação atribuída ao mestre genebrino: a língua é forma, não substância; assertiva que, isolada, levou às descrições abstratas e ao algebrismo da Glossemática.
Contudo, embora não se vislumbre em Saussure um viés clara e assumidamente sociolingüístico, não é justo que fiquemos limitados à concepção de língua como sistema de formas. Coseriu (1967) mostrou, através de uma leitura vertical do Curso de Lingüística Geral, que, além da noção de relação entre partes, de tal modo que o todo é maior que a soma delas, duas outras aparecem: língua como acervo depositado no cérebro dos falantes e língua como instituição social. Este último aspecto foi muito bem acentuado em “Imutabilidade e mutabilidade do signo”, sobre o qual não vamos fazer comentários para não fugirmos do assunto. O que queremos destacar é que Saussure não desconhecia a faceta social da língua, e reconhecia-a, aliás, a ponto de afirmar que as mudanças só se consolidam quando ganham dimensão social a partir da ação do indivíduo, que pode ganhar, ou não, contornos institucionais.
Mas como acentuou Coseriu (1967), Saussure estava claramente inspirado pela Sociologia de Durkheim, e, guiado por esta Sociologia, via a língua como exterior ao indivíduo e anterior a ele, do mesmo modo que para o sociólogo, a sociedade se constituía igualmente como fenômeno exterior e precedente ao indivíduo que se submetia à coerção social. Em suma, o fundador do Estruturalismo europeu via, mais precisamente, a língua como um fenômeno coletivo que como um fenômeno social.
Ainda no seio do Estruturalismo, houve autores que vislumbraram insuficiência no enfoque coletivizante de Saussure. Um deles é o já citado Coseriu (1967; 1980) que apresenta uma dicotomia de pouca divulgação: a oposição entre língua histórica e língua funcional.
A língua histórica constitui um diassistema, uma rede integrada de níveis de língua, que abrange variedades denominadas: diatópicas (concernente à variação regional, geográfica), diastráticas (referente à variação social) e, por fim, diafásicas (referente à noção de registro). A língua funcional, por sua vez, era de caráter sintópico, sinstrático e sinfásico, pois, para fins metodológicos, propunha uma só variedade nos três níveis citados. Daí, como explica o lingüista em tela:
[...] uma língua histórica não pode ser descrita estrutural e funcionalmente como um sistema lingüístico, como uma estrutura unitária e homogênea, simplesmente porque não o é; ao contrário, contém, em geral, sistemas lingüísticos bastante diferenciados, às vezes não menos diferenciados do que certas línguas históricas reconhecidas como tais [...] Por outro lado, uma descrição estrutural única de toda uma língua histórica, sobre ser racional e empiricamente impossível, não teria nenhum interesse prático, uma vez que a língua histórica não se fala: não é realizada como tal e de modo imediato (COSERIU, 1980, p. 113)

A funcional, por sua vez, é a língua diretamente “realizada”. É ela que entra efetivamente nos discursos – o que justifica o adjetivo “funcional”. Acrescente-se, ainda, que é essa a língua tida como objeto próprio da descrição lingüística estrutural e funcional: caracterizada por Coseriu (1980, p. 114), como “um só ‘dialeto’, considerado em determinado ‘nível’ e num determinado ‘estilo de língua’”.
Foi o mesmo autor romeno que, julgando por demais polarizada a oposição entre língua e fala, propôs, em seu célebre ensaio Sistema, norma y habla (1967), a noção de norma: coletiva como a língua, mas de algum modo opcional como a fala, tanto que pode ser transgredida gerando efeitos estilísticos diversos. Conforme Almeida e Zavam (2004, p. 250):
Para Coseriu, o sistema seria um conjunto de oposições funcionais, a norma seria a realização coletiva do sistema, a qual contém os elementos não-pertinentes ao sistema, mas normais na fala de uma comunidade; a fala, por sua vez, seria a realização individual-concreta da norma somada à originalidade expressiva da falante.

 A bem da verdade, a relação entre sistema e norma é bem mais complexa: sendo coletiva, esta última abrange tanto os traços distintivos quanto aqueles que não o são. Também é complexa, para alguns lingüistas, como Silva (2003), a concepção de língua como sistema. Segundo a autora, trata-se de
[...] uma abstração e uma generalização consideráveis: sob a denominação de “língua”, vige uma gama de variações decorrente de diversificação da substância concretizada nos atos de fala de seus usuários: nenhuma língua, pois, é unificada, uma vez que inexiste o que se poderia designar “monobloco lingüístico”.

No entanto, como afirma Bortoni-Ricardo (1996), é no contexto histórico de valorização da etnicidade e da difusão da pobreza nos guetos negros das cidades americanas que surge a Sociolinguística como ciência de propostas maduras para estudar as relações entre os usos da língua nas comunidades e o ensino na escola. O motivo parece-nos óbvio. De um lado, grande parte do Estruturalismo não se interessava pela oralidade, mas basicamente pela produção escrita. Na mesma linha dos gramáticos tradicionais, visavam a chamada norma culta, embora não tenha havido entre os cultores da escola esforços para definir o que é esse tipo de norma.
No âmbito do descritivismo americano, houve uma grande preocupação com a descrição de línguas indígenas, mas o objetivo pedagógico continuava remoto. Para não sermos parciais, houve incursões pedagógicas, mas pobres, baseadas na retenção de estruturas: testes de substituição, expansão e redução, entre outros. A Sociolinguística veio dar um acorde diferente a estas orientações pautadas subliminarmente em propostas behavioristas, muito difundidas no ensino de línguas estrangeiras

2 O social e o pedagógico na Sociolinguística

Como afirma Bortoni-Ricardo (1996, p. 20-21), o objetivo dos sociolingüistas da década de 60 era defender a tese de que a fonte de fracasso da criança na escola era a interferência dialetal. Esta tese era esposada, inclusive, por Bernistein (cf. Soares, 1986), que fez um estudo comparativo de produções escritas de crianças pertencentes a classes favorecidas e desfavorecidas. A princípio, há uma certa dose de verossimilhança. Tomemos, por exemplo, algumas ilustrações que ainda vigoram no ensino gramatical do português brasileiro: a) o ensino da mesóclise, em franco desuso; b) o ensino do pretérito-mais-que-perfeito simples, substituído na fala pelo pretérito-mais-que-perfeito composto com o auxiliar ter; c) o ensino de formas pronominais átonas de terceira pessoa. Este último aspecto merece uma grande atenção, pois, como já demonstrou Monteiro (1994), é usual o emprego de ele / ela, na oralidade, e isto se reflete na escrita. Isto sem falar no uso das formas de dativo para objeto direto de segunda pessoa, de alternância de emprego entre formas como nós e a gente
Parece tentador propor no âmbito da Sociolinguística uma abordagem bidialetal. Assim, seriam elaboradas cartilhas e materiais de alfabetização no dialeto do aluno sendo, paulatinamente, inserido material redigido em língua padrão. O grande problema é que o preconceito continua e a elaboração de cartilhas alternativas parece mais uma estratégia para alcançar as cartilhas-padrão. Nossa opinião é que o preconceito básico é de natureza social e, secundariamente, lingüístico, e não será a escola que vai eliminar a base do preconceito, mas sim uma maneira ampla de ver as diferenças entre homens no plano social, econômico e étnico. Não estamos, obviamente, desmerecendo o papel da Sociolinguística, que tem trazido grandes avanços nos referidos assuntos e, acima de tudo, foi quem pôs o problema em voga, mas não podemos nos esquivar à conclusão de que os fundamentos do preconceito lingüístico são anteriores à língua.
Isto nos evoca à França dos tempos pré-revolução francesa. Era ridicularizada a pronúncia /wa/ em vez de /we/ para os grafemas oi. Com a ascensão da classe burguesa ao poder a pronúncia estigmatizada foi gradualmente adotada (cf. Elia, 1979). E o que dizer do latim vulgar, que por condições históricas favoráveis (invasão dos bárbaros, decadência da nobreza, difusão do cristianismo etc.) acabou se impondo na România? O problema é, pois, muito mais amplo que fazem supor as teses de natureza lingüística, quer estruturalistas, quer sociolinguísticas.
Muitas propostas foram lançadas. Uma delas, de Stewart, citado por Bortoni-Ricardo (1996), sugeria que os textos escolares fossem redigidos no dialeto e que a ortografia utilizada fosse ajustada à proposta deste. O problema é que a fala é extremamente variável e a pronúncia também, de modo a impossibilitar uma ortografia nos moldes sugeridos pelo sociolingüista mencionado. Outras sugestões, de execução difícil, dizem respeito ao emprego de símbolos fonéticos para representar segmentos fonológicos num nível mais abstrato.
Equívocos a parte, não se pode negar que a Sociolinguística postulou, a partir do seu surgimento, “o princípio de que a heterogeneidade não é um aspecto secundário e acessório da estrutura da linguagem; é, pelo contrário, uma propriedade inerente e funcional” (Camacho, 2001, p. 69).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo exposto, vimos que, com relação ao Estruturalismo, a Sociolinguística apregoa o relativismo cultural, a heterogeneidade lingüística e a relação dialética entre formas e funções lingüísticas.
Todavia, restringir o papel da Sociolinguística, no âmbito pedagógico, ao bidialetalismo, é um tanto ingênuo por não levar em conta fatores de ordem macrossocial. A Sociolinguística, vista por si só, não logra resultados de fôlego uma vez que, conforme assinalou Bortoni-Ricardo (1996, p. 25-28), para tratar a variação lingüística na escola, é preciso ter consciência que:
a) a influência da escola na língua não deve ser procurada no dialeto vernáculo dos falantes, mas em seus estilos formais, monitorados;
b) regras que não estão associadas à avaliação negativa da sociedade não são objeto de correção na escola e, portanto, não devem influir consistentemente nos estilos monitorados;
c) no caso do Brasil, a variação tem estreita ligação com a variação diatópica (dicotomia rural-urbano) e diastrática (estratificação social);
d) os estilos monitorados da língua devem ser reservados para realização de eventos de letramento em sala de aula.
No entanto, são de destacar dois aspectos: a descrição da variação na Sociolinguística Educacional não deve ser dissociada da análise interpretativo-etnográfica do uso da variação em sala de aula, e deve haver conscientização crítica dos professores e alunos quanto à variação e à desigualdade social que ela reflete.
Por fim, vale citar as palavras de Biderman sobre o assunto em foco:
[...] a interferência do social sobre o lingüístico é de uma tal amplitude que o problema da língua e sobretudo da norma lingüística não pode ser isolado de todos os fatores extralingüísticos e máximes sociais que os determinam (BIDERMAN, 2001, p. 31).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Nukácia, ZAVAM, Aurea .2004. Variação lingüística: uma questão de sala de aula. In: A língua na sala de aula: questões práticas para um ensino produtivo. Fortaleza: Perfil Cidadão, p. 237-267.
BIDERMAN, Maria Tereza C. 2001. Teoria lingüística: leitura e crítica. São Paulo: Martins Fontes, 356p.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. 1996. O debate sobre a aplicação da sociolinguística à educação. Pesquisa e ensino da língua: contribuições da sociolinguística – ANPOLL. Rio de Janeiro: UFRJ, p. 17-30.
CAMACHO, Roberto Gomes. 2001. Sociolinguística. In: BENTES, Anna Christina; MUSSALIM, Fernanda. Introdução à lingüística. (v. 01). São Paulo: Cortez, p. 49-75.
COSERIU, Eugênio. 1967. Sistema, norma y habla. In: Teoria del lenguaje y lingüística general. Madrid: Gredos, p.11-113.
COSERIU, Eugênio.1980. Lições de lingüística geral. Rio de Janeiro: Presença, 129p.
ELIA, Silvio. 1970. Preparação à lingüística românica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 284p.
LABOV, Willian. 1972.  Sociolinguistic Petterns. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 364p.
MONTEIRO, José Lemos. 1994. Pronomes pessoais. Fortaleza: EDUFC, 272p.
SAUSSURE, Ferdinand de. 1977. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 279p.
SILVA, Maria Emilia Barcellos da. 2003. Os estudos dialetológicos e seu compromisso com o ensino. In: Cadernos da Academia Brasileira de Filologia, v. 02 (n. 01). Rio de Janeiro: CIFEFIL, p. 75-93.
SOARES, Magda Becker. 1986. A linguagem e a escola. São Paulo: Ática, 95p.

7 de junho de 2011

Livro Por Uma Vida Melhor

Aqui está o capítulo referente ao livro.

Leiam e tirem suas conclusões.

(Em breve postaremos mais sobre o tema)

Clique:
Por Uma Vida Melhor - Capítulo1

6 de junho de 2011

Letramento



Trabalho de Laryssa Franklin, baseado em um texto (ensaio), publicado pela revista Linguagem em (Dis) curso, de autoria de Janete S. dos Santos.


O que remete esse termo, letramento? Alfabetização? Aprender a escrever?

Um termo recente no dicionário, que ganhou relevância significativa nas últimas duas décadas.
A alfabetização é centrada no indivíduo, na sua capacidade de ler e escrever, sendo apenas um resultado de uma escolarização.
O letramento, por sua vez, preocupa-se com o impacto da escrita sobre um grupo social. (ou seja, com reflexos sentidos na sociedade).
Street (1995) contrapõe dois modelos de concepção de letramento:
O autônomo e o ideológico.
O autônomo pode ser visto como as escolas tradicionais, que vêem a oralidade e a escrita como uma dicotomia. E considera isso (dicotomia), apenas uma forma de progresso e mobilidade social. No caso, a escrita é vista como um bem em si mesma, já que é relacionada ao desenvolvimento cognitivo do sujeito e podendo ser utilizada com o mesmo desempenho independente do seu contexto sócio-cultural.
O modelo ideológico considera os contextos de uso e está estritamente ligado às estruturas culturais e dominantes do meio onde ocorre, é dependente do jogo de forças nas relações sociais. Mostrando que pessoas de classes sociais diferentes terão uma relação também diferente com a escrita. E a vantagem e a desvantagem, de cada indivíduo, dependerão do contexto no qual estão inseridos. A realidade de cada indivíduo determinará sua maior ou menor inclusão ou exclusão das possibilidades atreladas à escrita.
Marcuschi (2001) define letramento como “um processo de aprendizagem social e histórica da leitura e da escrita em contextos informais e para usos utilitários, por isso é um conjunto de práticas, ou seja, ‘letramentos’ [...] Distribui-se em graus de um patamar mínimo a um máximo”. Já a escolarização, define como “uma prática formal e institucional de ensino que visa uma formação integral do indivíduo, sendo que a alfabetização é apenas uma das atividades da escola. A escola tem projetos educacionais amplos, ao passo que a alfabetização é uma habilidade restrita”.

Bom, e o que vai ratificar o seu elevado nível de letramento, será a sua capacidade de usar os conhecimentos relacionados à escrita de modo que venham a facilitar sua vida na sociedade (usufruir os resultados da escrita em seu meio social) Nós, por exemplo, estamos usufruindo de um bem, que é a escrita, que facilitou nossa vida na sociedade, porque apara estarmos aqui tivemos que mostrar nosso grau de letramento naquela redação do vestibular.
O dia-a-dia nos mostra diversos exemplos de letramento vindo de pessoas não alfabetizadas, como por exemplo, quando conseguem manusear o dinheiro, discernir os ônibus apropriados e até mesmo, religiosos quando vão se expressar em relação à bíblia usam termos rebuscados em construções cultas, mesmo nunca tendo sido alfabetizados, mas porque convivem com aquilo.

(Ainda haverá uma continuação)


4 de junho de 2011

Porque Sociolinguiça?



Foi tudo por acaso.
Estávamos questionando alguns amigos sobre as diferentes pronúncias de uma determinada palavra, quando de repente encontramos nos corredores o professor Bosco, do curso de Filosofia.

Imediatamente fomos questioná-lo a respeito de nossa “pesquisa” de Sociolinguística. Espontaneamente ele indagou:
- Uma pesquisa de SOCIOLINGUIÇA?

O riso foi natural e após o ocorrido não conseguimos mais esquecer esta situação.
Para se ter noção, nem conseguimos pronunciar o nome da disciplina. É recorrente falarmos:

- Ah, agora é aula de Sociolinguiça? OPS! (risos, muitos risos) Sociolinguística?

E assim, a brincadeira se tornou coisa séria.

Beijos e queijos, abraços e laços.

Por: Ana Paula, Laryssa e Camile.